Recebi mensagem mandada em garrafa

Encontrei no porto atrás da capela
Numa bela tarde de sol, lá se dorme em paz
Admirei com olhos de aquarela
Rascunho pintado na tela, teu mundo sem cor

Derramei cera queimada da vela
Pequenina alumiava a capela e um santo qualquer
Acreditei que porta fechada é janela
Aberta pra brisa e dor da pessoa de fé

Sonhei ser seu, ser céu e sol, sonhei contigo
Sereno vento vem trazer o que é incompleto
Acaso aqui nos faz tão perto
E não esconde gesto de querer dizer

É ela quem eu quero para mim
Da terra do porto da capela

É ela quem eu quero para mim
Da terra do porto da capela

Escrevi poema de rima e beleza
Diga a ela que sirva a mesa, seu sonho de amor
Recoloquei tinta na minha aquarela
A mais bela pintura, você traduzida em cor

Avistei de longe da minha janela
A menina porto da capela, o motivo, a razão
Recebi mensagem mandada em garrafa
Descobri um sorriso sem graça e o pincel foi ao chão

Sonhei com cê, com o céu, com o seu sonho perdido
Gritei pro mar minhas vontades, minha sina
O meu medo aqui termina
Pois é hoje que eu quero lhe mostrar

É ela quem eu quero para mim
Da terra, do porto da capela

É ela quem eu quero para mim
Da terra do porto da capela

É ela quem eu quero para mim
Da terra do porto da capela

É ela quem eu quero para mim
Da terra do porto da capela

Você supõe o céu

Moça, olha só o que eu te escrevi
É preciso força pra sonhar e perceber
Que a estrada vai além do que se vê

Sei que a tua solidão me dói
E que é difícil ser feliz
Mas do que somos todos nós
Você supõe o céu

Sei que o vento que entortou a flor
Passou também por nosso lar
E foi você quem desviou
Com golpes de pincel

Eu sei, é o amor que ninguém mais vê
Deixa eu ver a moça
Toma o teu, voa mais
Que o bloco da família vai atrás

Põe mais um na mesa de jantar
Porque hoje eu vou praí te ver
E tira o som dessa TV
Pra gente conversar

Diz pro bamba usar o violão
Pede pro Tico me esperar
E avisa que eu só vou chegar
No último vagão

É bom te ver sorrir
Deixa vir a moça
Que eu também vou atrás
E a banda diz: “Assim é que se faz!”
Sei que a tua solidão me dói
Sei aquela mesa de jantar